Pergunta: Qual é a importância do conhecimento exterior no nosso caminho?

Sri Chinmoy: Seu objetivo é a realização em Deus. O objetivo é como o topo de uma árvore. Ao chegar lá, você verá ao seu redor milhões de folhas, mas ninguém vai perguntar se você vê as folhas. A realização em Deus que você atingiu é mais do que o suficiente.

Quem estiver estudando informações mundanas deve se perguntar, “Isso me ajuda a realizar Deus?” Com certeza não. Sri Ramakrishna não tinha interesse por informações mundanas. Ele escrevia o próprio nome com a maior dificuldade. Sua esposa não conseguia tanto. Ela não conseguia nem mesmo escrever “realização em Deus.” Ela desafiava Vivekananda porque ele sabia escrever.

Mas a manifestação de Ramakrishna foi inferior a de outros? Não. Quando se trata de manifestação, sua identificação com a Consciência Universal era tamanha que ele obteve Vivekananda, Brahmananda e outros para atuarem como seus instrumentos. Ao realizar o Altíssimo, mesmo que você não seja um gigante mental, não há problema. Se é da Vontade divina manifestar sua luz, Ele irá trazer instrumentos que serão capazes de manifestar a sua luz. Como indivíduo, você tem dois braços e uma mente. Mas ao atingir a realização em Deus, sua missão pode ser inundada com milhares de braços e cérebros férteis. Você necessita de Deus; Ele necessita de você, e está fadado a lhe oferecer o que é necessário.

Na Índia há um ditado famoso sobre um certo doce. Dizem que aquele que o provou sente-se desconsolado, e aquele que não o provou também sente-se desconsolado. Dizem o mesmo a respeito de casamento. Você fica desconsolado se casar e também sente-se desconsolado se não provou do casamento. Na vida espiritual, alguns que ainda não estão maduros nem prontos para ir ao Altíssimo, hesitam no caminho. Enquanto eles estão se movimentando constantemente na vida espiritual, não possuem tempo para pensar no que sua vida prévia poderia ter oferecido. Mas no momento em que param de se mover adiante e obter progresso, ocupam seu tempo com experiências passadas. Eles começam a sentir que não tiveram plena oportunidade na vida anterior para obter todo o progresso que poderiam ter obtido. Dizem, “Perdemos tudo que tínhamos na vida mundana. Poderíamos estar consolidados na vida material, mas acabamos desistindo de tudo.”

Todavia, quando entramos para a vida espiritual, não perdemos de nenhum modo. Temos um objetivo e esse objetivo nos traz tudo. Embora a mais elevada realidade exterior seja deficiente, temos de saber que apenas na espiritualidade reside a verdadeira e altíssima Realidade. Não há nada no mundo que possa nos oferecer a mais elevada Realidade. As realidades do planeta têm base na informação, mas as realidades espirituais possuem base no despertar interior e na revelação. Podemos desafiar facilmente o conhecimento ou a informação, mas não nos atreveremos a desafiar a realidade fundada na experiência interior e na realização, porque a luz está lá bem diante de nós. Como iremos negá-la?

Quando vivemos na vida exterior, possuímos algo; na vida interior, tornamo-nos algo. A vida interior sempre traz o sentimento do que somos. A vida exterior, em raras ocasiões, traz o sentimento de que temos algo. Mas na maioria das vezes ela nem mesmo ousa afirmar que temos algo. Quando permanecemos no mundo interior, somos eternamente a coisa que estamos procurando. Como é possível negar isso? Entretanto, no mundo exterior, negaremos nossa própria vida. Diremos que ela não é para nós, e sim para alguma outra pessoa.

Sintamos que somos de fato a vida interior. O que queríamos ser na vida exterior é só exibição e pretensão. Apenas estamos tentando trazer a responsabilidade para nós mesmos, passa a ser difícil livrar-se dela. A vida exterior é como a pele de uma cebola; a pele nunca termina. A vida interior é como uma laranja; é apenas laranja. Nós a comemos.