Por enquanto, a morte nos ajuda de uma certa forma – ela nos permite que descansemos. Quando então retornamos, o fazemos com uma nova esperança, uma nova luz, uma nova aspiração. Mas, se fôssemos dotados de uma aspiração consciente, uma chama ascendente ardendo dentro de nós o tempo todo, veríamos que a morte física pode ser facilmente conquistada. Chegará o dia em que a morte não será necessária. Mas ainda não possuímos tal capacidade; somos fracos. Os Mestres espirituais e as almas libertas, no entanto, possuem domínio sobre a morte, mas eles deixam seus corpos no momento em que o Divino assim deseja.
Um homem comum, que carregou o peso de uma família toda, por vinte, trinta ou quarenta anos dirá: “Estou cansa-do. Agora preciso descansar.” Para ele, a morte tem significado; a alma entra na região das almas e desfruta de um breve descanso. Mas, para um guerreiro divino, para um buscador da Verdade Última, a morte não tem significado. Ele quer fazer progresso contínuo, sem interrupções. Portanto, tentará viver em eterna, constante aspiração. E com essa eterna aspiração, buscará conquistar a morte, para que possa se tornar uma eterna manifestação exterior, do Divino que há em seu interior.Mas, é claro, há a dor física. No momento da morte, até o último instante, se alguém estiver sofrendo de alguma doença e não conseguir lançá-la em algo mais elevado ou mais profundo, naturalmente seus últimos dias na Terra serão extremamente dolorosos. Mesmo o último momento será bastante doloroso, pois o ser-morte virá até ele numa forma muito destrutiva. Esta força-morte, o ser-morte, aparece para cada indivíduo com uma forma diferente, de acordo com o que sua alma alcançou e realizou na Terra.
Pessoas comuns, que não aspiram, pessoas completamente imersas nos prazeres da ignorância, sentirão a morte como um ser terrível, implacável, uma figura horrenda e obscura., A força-morte possui, por vezes, vários subordinados, que aparecem diante das pessoas moribundas. Elas veem frequentemente tigres ou seres inimaginavelmente enormes e ficam amedrontadas. Mas os buscadores sinceros veem seu Mestre espiritual ou um ser luminoso, como um anjo, levando-os em uma carruagem. Esses buscadores trabalharam duro aqui na Terra por muitos anos e agora a Mãe-Terra quer conscientemente oferecer a eles sua abençoada e divina gratidão. Seu Piloto Interior ou seu Guru os carregará, mas os buscadores estarão vendo a benevolente Mão de Deus bem à sua frente, carregando-os em Seu Barco Dourado até a outra Margem. Algumas pessoas veem familiares que já se foram há tempos; é como se alguém que soubesse o caminho os estivesse levando a um novo mundo.
Se estivermos amarrados pelos laços da ignorância, haverá dor em nosso interior e exterior no momento da morte física. Essa dor é devida à ignorância da mente e do corpo humano, a qual nos impede de entrar no reino da morte e ir consciente e deliberadamente além desse reino. Mas se o véu de ignorância for removido, então não poderá haver dor, nem na morte, nem na atmosfera-mundo. Se pudermos entrar na raiz de nossa dor e sofrimento, que é a ignorância, e se pudermos transformá-la com a luz da nossa alma, a morte será apenas como uma transição, levando-nos à outra margem. Essa outra margem é a Luz Eterna que nos guia, protege, forma e molda através da Eternidade.No entanto, é preciso deixar claro que a lei do karma não é simples – ela é muito, muito complexa. Algumas almas são bastante puras e espirituais, mas ainda assim sofrem com a morte. É devido ao karma do passado? Não, é porque elas se identificam com a humanidade e querem ter por si mesmas a experiência do mais amargo tipo de sofrimento. Muitos dos grandes Mestres espirituais tiveram mortes bastante dolorosas. Por quê? Por sua própria vontade, eles poderiam ter simplesmente deixado o corpo, mas não o fizeram. Em vez disso, contraíram câncer e outras doenças sérias e somente morreram depois de muito sofrimento. No caso deles, o que eles fizeram foi entrar no sofrimento da humanidade para tentar experimentá-lo. A não ser que entremos no sofrimento da humanidade, tudo é teórico, nada é prático. Mas quando se trata do sofrimento de pessoas comuns, percebemos que é a lei do karma que está operando.
Mesmo assim, se alguém morre de um ataque cardíaco fulminante, não quer dizer, necessariamente, que aquela era uma pessoa muito espiritual ou religiosa; não! Deus queria ter aquela experiência peculiar através dela e talvez até mesmo através de seus entes queridos. Não há questão de bom ou mau, divino ou não-divino, mas sim de que tipo de experiência Deus queria ter através daquela pessoa. Por fim, tudo é uma experiência de Deus, que estamos tendo ou presenciando.Esta vida é uma oportunidade dourada que nos foi dada pelo Supremo. Mas oportunidade é uma coisa e realização é outra. Nossa evolução espiritual, nosso progresso interior, é constante, lento e, ao mesmo tempo, muito significativo. Naturalmente existem pessoas, que por centenas e milhares de encarnações, seguirão um ciclo de vida e morte normal, natural. Então um dia, na Eternidade de Deus, elas O realizarão. No entanto, alguns aspirantes genuínos e sinceros, fazem uma promessa de toda a alma, de que nesta encarnação, aqui e agora, eles realizarão Deus. Isso é dito apesar de saberem que esta não é nem a primeira nem a última vida deles. Eles sabem que existem pessoas que realizaram Deus e portanto não querem esperar por alguma encarnação num futuro distante. Sentem que é inútil viver sem a realização de Deus e almejam alcançá-la o mais breve possível. Nesses casos, se a morte chega e eles ainda não realizaram Deus, ela então se torna uma obstrução. Caso alguém destinado a morrer com a idade de cinquenta anos, que esteja aspirando com toda alma e possa atrasar a sua morte por vinte ou trinta anos, tudo com a mais bondosa aprovação do Supremo, o que fará então durante esse tempo? Continuará com sua aspiração sincera, com sua meditação mais profunda, com sua contemplação mais elevada. Será como um corredor seguindo em direção à sua Meta, sem obstáculos. Durante esses vinte ou trinta anos adicionais ele poderá alcançar o final mais distante, onde reside a sua Meta.
Mas, se a morte interferir, ele então não irá realizar Deus nesta vida. São muito poucas as almas que conseguem retomar imediatamente o contato com a sua aspiração anterior, na vida seguinte. Assim que a alma retorna ao mundo, as forças cósmicas não-divinas chegam e atacam; e aí então a ignorância, as limitações e imperfeições do mundo tentam encobrir a alma. Durante os anos de formação, na infância, não nos lembramos de nada. A criança é inocente, ignorante e desamparada. Passados alguns anos, a mente começa a funcionar. Quando se tem entre oito e doze anos de idade, a mente tenta complicar tudo. Portanto, nos primeiros onze, doze ou treze anos da encarnação seguinte, quase todas as almas, apesar de serem grandiosas e espirituais, esquecem suas conquistas do passado e seu clamor interior mais profundo. Existem Mestres espirituais ou grandes buscadores, que têm algumas experiências elevadas durante a infância, ou que começam a pensar ou cantar sobre Deus em uma tenra idade, mas normalmente não há um elo entre as conquistas da alma na Terra durante a encarnação anterior e os anos da infância da encarnação a seguir. Existe uma ligação, uma ligação muito tênue, mas ela não opera de maneira significativa até os primeiros doze ou treze anos.
Algumas almas não recuperam a aspiração de sua encarnação passada, antes dos cinquenta ou sessenta anos. Do ponto de vista espiritual, esses cinquenta ou sessenta anos foram tempo perdido. Portanto, se nesta encarnação alguém perde cinquenta anos e se na encarnação passada já perdeu vinte ou trinta anos, já serão então oitenta anos desperdiçados. Nesse caso, eu digo que a morte é um verdadeiro obstáculo. Precisamos remover esse obstáculo com nossa aspiração, nossa aspiração continuada. Esta deveria ser como uma bala, que atravessasse a barreira da morte.
Mas, mesmo que leve algum tempo, por fim o ser interior virá à tona conscientemente e a pessoa, em sua nova encarnação, começará a orar e meditar em Deus mais sincera e poderosamente. Ela verá que nada do seu passado foi de fato perdido. Tudo ficou guardado na consciência-Terra, que atua como se fosse um banco comum a todos. A alma saberá o quanto realizou na Terra; e tudo isso estará guardado de uma maneira muito segura dentro da consciência-Terra, do banco-Terra. Hoje, você deposita dinheiro no banco. Poderá então amanhã ir à Inglaterra e, depois de seis anos, voltar e retirar o seu dinheiro. A alma faz o mesmo após ter deixado o corpo por dez ou vinte anos. Todas as conquistas da alma são mantidas intactas dentro da Mãe-Terra, que então irá devolvê-las, quando a alma retornar a trabalhar para Deus na Terra.
Na maioria dos casos, nada é perdido, exceto tempo, durante aqueles poucos anos da infância. Mas é melhor realizar Deus em uma encarnação, de modo a não perder mais uma vez a nossa aspiração consciente, nesse período transitório. Se pudermos permanecer na Terra por cinquenta ou cem anos com uma aspiração formidável e sincera, poderemos então conquistar muitas coisas. Se tivermos ajuda de um Mestre espiritual verdadeiro, será possível realizar Deus em uma encarnação, ou talvez em duas ou três. Se não houver um Mestre verdadeiro e se não houver aspiração, levará centenas e centenas de encarnações.No ano passado o seu pai morreu. O que deveria ter feito naquela hora, caso você estivesse fisicamente, seria meditar o mais devotadamente possível. Apesar de seu pai não ter sido conscientemente meu discípulo e não ter aceitado o nosso caminho, quem sabe o que ele fará em sua próxima encarnação? Você sabia que havia alguém que poderia ter auxiliado seu pai enquanto estava morrendo, portanto deveria ter meditado em mim. Sempre se conhece alguém que possa ser de ajuda em qualquer situação. Quando se está doente, chama-se o médico. Quando se têm problemas legais, pede-se ajuda a um advogado. Se quisesse ter ajudado o seu pai, deveria ter imediatamente pensado em mim e meditado em mim. Se você tivesse uma aspiração ou poder espiritual formidáveis, teria dado a ele toda a sua força espiritual. Sua força espiritual é a aspiração, e a fonte de sua aspiração está dentro do seu Mestre, do seu Guru. Portanto, se quiser ajudar seus entes queridos, é assim que você deve agir.
Contudo, se estiver se referindo a outras pessoas, para saber o que é o melhor a fazer quando elas estão morrendo, é preciso saber quem deu a elas a maior alegria na Terra, ou em quem eles tinham a maior fé. Se alguém tinha toda fé no Cristo, mesmo que você não siga o caminho de Cristo, imediatamente invoque, consciente e o mais devotadamente possível, a presença de Cristo. Naquele momento, ajude seu amigo a aumentar sua fé no Cristo. Pode repetir em voz alta o nome de Cristo, trazer ao seu amigo uma imagem do Cristo e ler a Bíblia. Dessa maneira você o estará ajudando em sua aspiração. Se uma pessoa espiritual, que me conheça, estiver morrendo, você deverá naquele momento, ler meus escritos e falar sobre mim. Mas se a pessoa é apenas um conhecido, você deverá aumentar aquela fé, dentro da própria maneira dele.Se o Supremo quiser tirar alguém de nossas vidas, nós precisamos aceitar isso. “Seja feita a Vossa Vontade.” Se essa for a nossa postura, ficaremos então na maior alegria. E essa alegria prestará o melhor serviço para aquele que estiver partindo. Quando nos entregamos completamente ao Supremo, essa entrega se torna um poder e força adicionais para a alma que está partindo e ao mesmo tempo está sofrendo, aprisionada aqui. Portanto, se entregarmos realmente nossa vontade à Vontade do Supremo, tal entrega trará uma paz verdadeira, uma paz duradoura, para a alma que está prestes a deixar o palco-Terra.
Aqueles que começaram a meditar e se concentrar, podem estar recebendo vislumbres de suas encarnações passadas. Se acreditamos que tivemos um passado e sabemos que temos um presente, podemos também realizar que teremos um futuro. Sabendo disso, devemos estar sempre conscientes desta verdade: não existe morte. No Bhagavad Gita é dito: “Assim como um homem descarta suas roupas velhas e veste novas, também a alma descarta o corpo físico e toma um novo corpo.” Se soubermos que a pessoa que morre está apenas deixando seu corpo antigo antes de tomar um novo, e se ela que está partindo possuir também esse mesmo conhecimento, como poderá haver qualquer tipo de medo?
Não sabemos exatamente o que é a morte e por isso queremos ficar aqui na Terra pelo maior tempo possível. Mas a morte verdadeira não é a dissolução do corpo físico. A verdadeira morte, a morte espiritual, é outra coisa.Eu não posso dizer quem são essas pessoas. Existem centenas e milhares que não são meus discípulos diretos, mas batem à porta da Consciência Universal e lá recebem a minha Luz, a minha Compaixão. Por isso que você vê meu rosto no rosto deles. Eles me veem e recebem ajuda do meu ser interior compassivo. Nessa hora, uma parte iluminada do meu ser, da minha existência interior, vai até eles para lhes dar algum consolo, alguma iluminação, de modo que no mundo das almas eles tenham uma existência melhor e possam voltar novamente para aspirar. Se ao olhar uma pessoa moribunda, você vir o meu rosto, saberá que aquela pessoa é uma buscadora. Não há necessidade de que ela seja minha discípula. Se ela possuir uma aspiração extremamente sincera, devido à minha Consciência Universal eu poderei estar presente.
Há ocasiões em que meus discípulos meditam tão devotadamente, se identificando comigo a tal ponto, que outros discípulos chegam a ver neles o meu rosto. Seu poder de concentração em mim é tão sincero, tão devotado, tão focado e pleno de alma, que nas suas faces os outros discípulos veem o meu rosto, mesmo que a pessoa seja uma mulher. Isso já ocorreu diversas vezes.De um ponto de vista espiritual,, o suicídio não serve para nada. A mãe sacrificou a si mesma pelas suas crianças. Ela pensou que iria criar harmonia através do seu sacrifício físico, porém no mundo vital não haverá escapatória, não haverá perdão para ela. Ela irá para o mundo vital pela sua estupidez e lá ela irá ficar. Por que ela não teve sabedoria para ver que as crianças não eram suas, mas de Deus? Já que Deus deu a ela esses filhos, por que ela não pediu a Ele para iluminar a consciência deles? Por que ela não rezou a Deus para que eles ficassem em paz e harmonia?
O mundo permanecerá ignorante a não ser e até que o Supremo ilumine a consciência mundial. Se sacrificarmos nossas próprias vidas para trazer a paz, os problemas do mundo nunca serão solucionados. Muitos mártires, aspirantes e personalidades espirituais cometeram suicídio, mas isso não resolveu os problemas do mundo. Tais problemas se resolverão apenas através da aspiração, ao orar a Deus pela iluminação do mundo, enquanto estamos na Terra. Nossa morte nunca transformará a face do mundo. Mas se invocarmos a Bênção de Deus, a Graça e o Cuidado de Deus, aí então o problema poderá ser resolvido.Do ponto de vista espiritual, sabemos que o corpo existe a partir de cinco elementos: terra, água, ar, éter e energia. A partir desses cinco elementos, o invólucro material vem à existência e com a ajuda do fogo ele retorna aos cinco elementos. Com a cremação, o corpo físico se dissolverá em total purificação, cujo significado é transformação. Mas, no Ocidente, aqueles que preferem o enterro também têm sua interpretação espiritual. Uma espécie de compaixão espiritual vem à tona, pois o corpo nos serviu tão fielmente, e então dizemos: “Oh!, eu utilizei este corpo por tantos anos e nunca dei descanso a ele. Agora a alma não está mais lá; o pássaro voou. Deixe-me dar uma chance de descanso ao corpo, colocando-o num caixão.” Aqueles que preferem queimar o corpo sentem que ele, que fez tantas coisas tolas e más na vida, precisa de purificação. E aqueles que dão importância ao enterro querem proporcionar ao corpo um descanso confortável.
Ergueremos o edifício da Verdade sobre a aspiração, e não sobre desejos e preocupações ou ansiedades e dúvidas. O passado queria nos mostrar a Verdade de um certo modo, mas ele não foi capaz de nos mostrar a Verdade e por isso somos o que somos no presente. Não sabemos se o presente nos mostrará a Verdade ou não. Mas acreditamos que vere-mos a Realidade no presente imediato ou no futuro que se aproxima rapidamente, o futuro que está crescendo na ur-gência do hoje.
Um dos mistérios da vida espiritual é que a cada momento estamos morrendo e nos renovando. A cada momento vemos que uma nova consciência, um novo pensamento, uma nova esperança, uma nova luz desperta em nós. Quando algo novo desperta, naquele momento sentimos que o antigo foi transformado em algo mais elevado, mais profundo e mais significativo. Portanto, numa vida espiritual mais elevada, a cada momento poderemos ver a assim chamada morte de nossa consciência limitada e sua transformação em uma mais nova e luminosa consciência.Nossa origem é a Vida Infinita, a Vida Divina. Essa Vida Infinita permanece na Terra por um curto período de tempo, digamos cinquenta ou sessenta anos. Nesse ínterim possuímos conosco a vida terrena. Todavia, dentro dessa vida ter-rena reside a Vida ilimitada. Depois de um certo tempo, essa Vida passa novamente pelo corredor da morte por cinco, dez, quinze ou vinte anos. Quando entramos nesse corredor, a alma sai do corpo, para um curto ou longo descanso e retorna para a região da alma. Lá, se a pessoa foi espiritual, a alma retomará a Vida Eterna, a Vida Divina que existia antes do nascimento, que existe entre o nascimento e a morte, que existe na morte e, ao mesmo tempo, vai além da morte.
Agora, enquanto vivemos na Terra, podemos alcançar o reino da Vida Eterna através de nossa aspiração e meditação. No entanto, simplesmente por entrarmos na Vida sem fim, não possuiremos essa Vida; teremos de crescer nela conscientemente. Quando entramos na vida de meditação, precisaremos por fim, nos tornar parte e parcela da meditação. E quando formos capazes de meditar vinte e quatro horas por dia, estaremos constantemente vivendo a Vida sem fim. Em nossa consciência interior nos tornaremos um com a alma. Quando vivemos na alma, a morte não existe. O que há é uma constante evolução de nossa consciência, de nossa vida de aspiração. Mas quando vivemos no corpo, a morte existe o tempo todo. No momento em que o medo chega à nossa mente, no momento em que forças negativas chegam à nossa mente, nós morremos de imediato. Quantas vezes ao dia nós morremos! O medo, a dúvida e a ansiedade estão constantemente matando nossa existência interior.A morte é a estrada. A vida é o viajante, e a alma é o guia.
Quando o viajante está muito cansado, exaurido, o guia o orienta a ter um descanso breve ou prolongado e, então, a jornada do viajante recomeça.
Na vida comum, quando um homem não-aspirante chafurda no pântano da ignorância, essa é a verdadeira vitória da mor-te. Na vida espiritual, quando um aspirante não clama por luz, felicidade suprema e poder mais elevados, isso é o nascimento de sua morte.
O que podemos aprender da vida interior, a vida que quer extinguir a morte? A vida interior nos diz que a vida é devotadamente preciosa, e que o tempo é frutiferamente precioso. A vida sem a aspiração do tempo é desprovida de significado. O tempo sem a aspiração da vida é isento de utilidade.
Nossa mente pensa na morte. Nosso coração pensa na vida. Nossa alma pensa na Imortalidade. Mente e morte podem ser transcendidas. Coração e vida podem ser expandidos. Alma e Imortalidade podem ser satisfeitas.
Quando a mente e a morte forem transcendidas, o homem terá um novo lar: Luz, Luz do Mais Além. Quando a alma e a Imortalidade forem satisfeitas, o homem terá uma nova meta: Deleite, Deleite transcendental.
Hoje, o homem sente que a morte é uma necessidade inevitável. Amanhã, o homem sentirá que a Imortalidade é uma realidade inequívoca.
Infelizmente, a maioria de nós está presa a conceitos errados sobre a morte. Pensamos que a morte é algo estranho, destrutivo. Mas devemos saber que, por enquanto, a morte é algo natural, normal, e, até certo ponto, inevitável. O Senhor Krishna diz a Arjuna: “Ó Arjuna, certa é a morte para os nascidos e certo é o nascimento para os falecidos. Portanto, o que é inevitável não deve motivar sua tristeza.”
O Chandogya Upanishad nos diz algo notável: “Quando a hora da morte se aproximar, o que devemos fazer? Devemos tomar refúgio em três pensamentos sublimes: nós somos indestrutíveis; não podemos nunca ser abalados; somos a própria essência da vida.” Quando a hora da morte se aproximar de nós, se sentirmos que não podemos nunca ser destruídos, que nada pode nos abalar e que somos a própria essência da vida, então, onde estará a tristeza, onde estará o medo, onde estará a morte? Não haverá morte.
Sarada Devi, consorte de Sri Ramakrishna, disse algo muito significativo: “A diferença entre um homem espiritual e um homem comum é bastante simples. Facilmente pode-se saber a diferença entre os dois. Um homem comum chora e verte lágrimas amargas quando a morte dele se aproxima, enquanto um homem espiritual, se for realmente espiritual, irá rir e rir quando a morte dele se aproximar, pois para ele a morte é divertida, nada mais.”
Devemos atestar que um homem espiritual toma parte no Jogo Cósmico, tornando-se um instrumento consciente desse Jogo. Por isso ele sabe que a morte não é uma extinção; sabe que ela é somente um curto ou longo descanso.
Mais uma vez e novamente, teremos de retornar ao mundo, trabalhar por Deus aqui na Terra. Não há escapatória. Te-mos de realizar o Altíssimo aqui na Terra, satisfazer o Altíssimo na Terra. Deus não permitirá que desperdicemos ou esbanjemos os potenciais e possibilidades da alma. É impossível.
O aforismo imortal de Kipling nos diz:
> Eles retornarão, novamente retornarão,
> Enquanto a Terra vermelha girar.> Se nunca desperdiçou uma folha ou árvore,
> Acha você que Ele desperdiçaria almas?Cada encarnação está nos levando em direção a uma vida mais elevada, uma vida melhor. Estamos num processo de evolução e cada encarnação é um degrau na escada da evolução. O homem está progredindo consciente e inconsciente-mente. No entanto, se ele fizer progresso, conscientemente, em cada encarnação, estará então adiantando a sua evolução espiritual. A realização acontecerá muito mais cedo para ele do que para os que estão fazendo progresso de forma inconsciente.
Sabemos que começamos nossa jornada na vida mineral e então passamos à vida vegetal. Em seguida entramos no reino animal, e de lá viemos para o mundo humano. Mas esse não é o fim. Temos de nos tornar seres divinos. A não ser e até que tenhamos nos divinizado e nos transformado, Deus não estará satisfeito conosco. Ele poderá manifestar-Se em e através de nós, apenas quando estivermos completamente transformados e iluminados. Portanto, quando pensamos em nossa evolução – evolução interior e evolução exterior – deveríamos sentir alegria abundante. Não perdemos nada, nada mesmo, na assim chamada morte.
Jalalu'd-din Rumi nos conta sobre evolução de forma muito bela e plena de alma:
> Como pedra morri e, em seguida,
> planta me ergui;> Como planta morri, e um animal nasci;
> Como animal morri, e um homem nasci.> Por que deveria ter medo? O que com a morte perdi?
O que é, enfim, a morte? A morte é uma criança adormecida. E o que é a vida? A vida é uma criança que brinca, canta e dança diante do Pai a cada momento. A morte é a criança adormecida dentro do Coração do Piloto Interior. A vida é inspiração. A vida é aspiração. A vida é realização. A vida não é a mente que raciocina. A vida não é a mente intelectual. A vida não é um jogo de frustração. Não, a vida é uma mensagem da divindade na Terra. A vida é o canal consciente de Deus para satisfazer a divindade na humanidade aqui na Terra.
Há muita verdade no que Confúcio disse: “Não conhecemos a vida. Como poderíamos conhecer a morte?” Mas eu gostaria de dizer que nós podemos conhecer a vida. Se percebermos que a vida é Deus incorporando a Verdade, a Luz, a Paz e a Felicidade Suprema, então saberemos o que a vida verdadeiramente é e reconheceremos a morte como nada além de um descanso – algo necessário no nosso presente estágio de evolução.
Chegará o dia em que esse descanso não será de forma alguma necessário. Apenas a Vida reinará suprema – a Vida do Além sempre-transcendente. Essa Vida não é e nem pode ser monopólio de um indivíduo. Cada ser humano deve ser inundado com ela, pois é nessa Vida Divina do sempre-transcendente Além que Deus manifestará a Si mesmo, sem reservas, aqui na Terra.
DR 24. No dia 09 de novembro de 1970, durante seu primeiro ciclo de palestras pela Europa, Sri Chinmoy ofereceu a seguinte palestra na Universidade de Kent, em Canterbury, Inglaterra.↩
Então eles perguntaram: “Por que não podemos ir lá?” Minha resposta foi: “Vocês não podem ir porque aquele lugar é muito, muito, muito longe, e vocês precisam de um tipo de bilhete. Aqui, quando querem ir de um lugar ao outro, vocês compram o bilhete e então vão. Todavia, para aquele lugar, existe um bilhete especial e um dinheiro especial; portanto quando você os tiverem, ambos poderão ir.” Eles indagaram, “Ele está pensando em nós?”, e eu expliquei: “Ele pensa em vocês constantemente. Ele está pensando em vocês e os abençoando e sua alma os estará guiando e auxiliando.”
No dia em que Buddy teve o ataque fatal, sua mãe, Karuna, me telefonou no início da madrugada. Tão logo me concentrei nele, senti que sua morte estava a minutos de ocorrer. Imediatamente entrei em minha consciência transcendental mais elevada e invoquei o Supremo e a Sua Graça descendente. Mais tarde, naquela noite, por volta das seis horas, o período crítico havia passado e ele estava a salvo. Naquela hora vi sua alma entrar em meu quarto enquanto eu meditava. Ele disse: “Salve-me, salve-me.” Eu respondi: “Você está salvo. O Supremo já o salvou.”
Vocês podem dizer: “Se ele foi salvo naquele momento, então como é que agora, um mês depois, ele deixou o corpo?” Minha resposta é esta: há um Plano cósmico, e Deus tem o direito de alterá-lo de acordo com Sua Vontade. Primeiro, a alma de Buddy, com uma vontade adamantina, lutava para permanecer na Terra, e nos identificamos com a sua alma. Com nossas orações, com nossa concentração, com a força que colocamos no físico, com o clamor de nossa alma, ele pôde permanecer na Terra. Mas sua alma viu que, depois que foi curado, seu corpo físico não seria capaz de cumprir a elevada missão que colocara à frente de si mesmo. Quando a alma trouxe essa elevada, elevadíssima visão diante dele, seu corpo ficou com medo de abraçar essa visão e essa realidade. Mas a alma convenceu o corpo de que não seria com aquele corpo, mas sim com outra forma, com outro corpo, que ele iria satisfazer a si mesmo, a Deus e à humanidade. Às 10:15 daquela manhã, o Supremo e sua alma tomaram a decisão de que ele deixaria o corpo. Imediatamente depois, adentrei no mundo oculto e o coroei com os cuidados e bênçãos da minha alma e com todo o meu amor e doçura. Uma hora mais tarde, sua alma efetivamente deixou a prisão corporal.
Dois ou três dias antes, sua mãe sentiu que Buddy estaria dizendo adeus. Ela pôde sentir isso, porque seu corpo, mente, coração e alma eram completamente um com seu filho. A decisão foi consolidada exatamente às 10:15 da manhã, mas o coração da mãe viu a verdade mesmo antes desta vir à tona. Por causa de sua unicidade psíquica com Buddy, seu senti-mento intuitivo fez com que ela soubesse antes mesmo de Deus tomar a decisão.
Se eu agisse como um ser humano que não se identificasse com a Vontade do Supremo, então, das profundezas do meu coração estaria pronto a dizer que foi uma terrível derrota Buddy ter falecido. Perdemos no campo de batalha da vida, onde cada segundo é uma oportunidade para a alma realizar, materializar e manifestar aqui na Terra. Por ter me identificado com ele, chorei e chorei, das profundezas do meu coração. Acreditem, do ponto de vista pessoal, posso por vezes estar no meu mais elevado ou no mais baixo de mim mesmo. Quando estou no físico, eu sofro. A primeira coisa que eu disse foi: “É minha a derrota, minha a derrota, por ter colocado tanta concentração, tanta força nele.” Contudo, do ponto de vista espiritual, essa perda, essa derrota, não é uma derrota. Quando nos identificamos com a Vontade do Supremo, sentimos que Sua Vontade é toda Compaixão e toda Satisfação. No momento em que todos nos entregamos à Vontade do Supremo, Buddy deixou o físico. Sua mãe, sua irmã, ele e eu, todos aceitamos a Vontade do Supremo e dissemos: “Seja feita a Vossa Vontade.”
Por que que, de primeira, nós não nos entregamos à Vontade do Supremo? Bem, antes de mais nada, neste mundo nós nos identificamos com o físico. Tentamos possuir nosso ente querido, para nós mesmos, o máximo de tempo possível. Em segundo lugar, sentimos que pode ser a Vontade de Deus que ele viva, para que sua alma possa ter mais experiências interiores no campo da manifestação. Mas o nosso Eu mais elevado é sempre um com o Supremo e, a partir dele, visualizamos a Visão e Realidade eternas. Quando formos um com o Supremo, sentiremos a Eternidade como verdadeiramente nossa. Buddy esteve na Terra por quarenta e dois anos, mas seu nome espiritual, Asim, significa Vida ilimitada, infinita. É a Vida infinita que a alma possui e acalenta.
Quando vi Buddy no hospital antes de ele morrer, ele disse: “Ajude-me a sair vivo do hospital.” Eu disse a ele que ficaria tudo bem. Não era falsa compaixão minha, mas meu sentimento genuíno, e aquele sentimento era a minha visão. Deus é todo Amor; Deus é todo Sabedoria. E apesar da decisão de Deus ser derradeira, Deus pode mudar a Sua Vontade e tomar outra decisão. Mais tarde, cerca de três horas depois de ter deixado o corpo, ele disse a mim: “Estou mais vivo do que nunca.”
No caso, qual o significado de “vivo”? Para pessoas comuns, para aqueles que não acreditam em Deus, é um absurdo e elas zombarão de mim. Mas aqueles que entraram para a vida interior sentirão que Buddy está agora vivendo a Vida eterna. Previamente, por quarenta e dois anos, ele estava numa vida Terra-limitada. E nesses quarenta e dois anos ele teve muitas, muitas experiências. Mas, em comparação com as experiências que ele obtém agora em um segundo fugaz, aquelas experiências terrenas não são nada. Em um segundo efêmero, ele está tendo milhares e milhões de experiências no mundo interior e essas experiências são do tipo que nos satisfaz interior e exteriormente. Quando Buddy morreu, a alma da minha mãe física desceu do mundo das almas e levou sua alma até o mundo vital. Então, o meu amigo mais íntimo, meu maior admirador, meu irmão espiritual Jyotish, falecido há três anos, veio e levou Buddy para um mundo bastante elevado a fim de que ele descansasse. Eu fui até lá visitá-lo e ele se encontra bastante feliz. Quando sentei ao seu lado, sabem o que ele me disse? Ele disse que seu corpo físico estava um lixo. “E eles queriam que eu permanecesse com aquele corpo!?” E o que eu poderia dizer diante disso? “um lixo!” – ele disse, foi a palavra que usou. Quando fui até lá, ele quis que eu ficasse um pouco e me fez sentar. Lá compartilhamos to-do o tipo de anedotas espirituais, e então me contou também alguns segredos, os quais eu repassei aos membros da sua família. Posso dizer algumas coisas sobre o carinho que ele tem por seus entes queridos, mas os segredos mais profundos eu não posso contar. Ele comentou que as crianças devem comer mais pelos próximos três meses e então na noite passada, ele veio até mim e disse: “Diga à minha mãe e à minha irmã que, de agora em diante, estarei não apenas em seu interior, mas também estarei por elas, por elas e por elas.”
Ontem sua sobrinha, Holly, perguntou-me: “No Céu também se come comida?”, e eu lhe respondi: “Certamente que sim.” Todos vocês sabem que aqui na Terra nós comemos. Também no Céu, no mundo vital, nós comemos. A comida lá é diferente da nossa, algo como pequenos cristais de açúcar de cor acinzentada. Cerca de dezessete anos atrás faleceu uma das minhas irmãs, que gostava muito de mim. Na primeira vez em que entrei no mundo vital ela me deu aquela comida, e eu disse: “Eu não posso comer isso. É muito seco - não quero comer algo tão seco.” Ela riu e riu, e me fez comer. Justamente na noite passada, Buddy me ofereceu esse alimento, e ao seu lado estavam minha mãe, meu amigo e alguns amigos dele. Estávamos todos sentados, jantando. Portanto, aqueles que acreditam na vida interior – na vida espiritual – imediatamente acreditarão que esse mundo interior é também um mundo de realidade. Lá nós conversamos, comemos, fazemos de tudo.
Mais tarde, as crianças perguntaram: “Como podemos falar com ele?” Eu respondi: “Aqui na Terra, não importa quão longe estejamos de alguém, podemos falar com essa pessoa através do telefone. Da forma semelhante, existe um outro tipo de telefone para falar com as pessoas no Céu.” Esse outro telefone é a capacidade da unicidade de nossas almas. Todos nós – não apenas enquanto na terra dos sonhos ou no mundo do espírito, mas também neste mundo de realidade – podemos alcançar nossos entes que partiram, durante a meditação. No entanto infelizmente não o fazemos. Vivemos no físico e não vamos além das fronteiras do físico. Por isso não sentimos nossos entes queridos após a sua partida. Mas, se aprofundarmo-nos em nossa meditação, seremos capazes de vê-los concretamente, bem diante dos nossos olhos.
Agora mesmo, a alma de Buddy está no mundo lunar, considerado como um dos mais elevados reinos no mundo espiri-tual. Existem vários mundos, mas esse mundo lunar é pleno da mais pura alegria, deleite e tranquilidade. Logo Buddy estará conosco novamente. Em alguns anos o veremos com um corpo diferente e eu serei capaz de dizer que a alma de Buddy reencarnou em uma forma diferente. Eu disse a ele que sua mãe, sua irmã, seu irmão, seu pai e todos os seus entes queridos querem vê-lo. Ele disse: “Ver-me? Eles terão a mim.” Portanto eles o terão em uma forma diferente, em um corpo diferente.Nada que é natural pode ser prejudicial.
A Morte é descanso.Descanso é uma força disfarçada para uma aventura posterior.
No presente estágio de evolução humana, vencer a Morte pode ser uma impossibilidade.
Mas superar o medo da Morte não apenas é exequível, mas inevitável.A Morte é normalmente o sinal de que a alma, sob certas circunstâncias, exauriu as possibilidades para seu progresso num corpo específico.
Quando a força da possibilidade perde para a força da impossibilidade, isso é chamado Morte.
Uma vida inútil é um convite cordial à Morte.
A Morte é o hífen entre o medo crescente do homem e suas energias-vida que se retraem.
Aquele que prefere a Morte à vida, tem apenas que escalar a árvore.
Mas aquele que prefere a Vida à Morte não apenas tem de subir, mas também deve retornar, para fazer o trabalho de Deus.Quando a Morte se aproxima do homem, seu ser psíquico diz a ela: “Morte, espere, deixe-me ver o que desejo fazer em meu próximo nascimento.”
A Morte diz: “ Você quer vida, crescimento evolutivo.Desculpe-me, mas está pedindo o favor à pessoa errada.
Um segundo de atraso da minha parte pode adicionar algo à sua experiência.”A Morte diz que é imortal.
As conquistas do homem dizem: “Morte, você está certa.Mas a verdade sobre o assunto é que nós brilharemos perpetuamente em seu próprio seio.
Não apenas isso, nós brilharemos para sempre em você, através de você e além de você.”Vida é amor.
Amor é vida.A vida satisfaz a Deus através do amor.
O amor satisfaz a Deus na vida.```
A Vida tem uma porta interior.A aspiração a abre.
O desejo a fecha.A aspiração abre a porta por dentro.
O desejo a fecha por fora.A Vida tem uma chama interior.
Essa chama interior recebe o nome de aspiração.Enquanto mantivermos nossa aspiração acesa, ela irá, sem falta, transmitir o seu brilho refulgente para toda a criação de Deus.
A Vida tem uma voz interior.
Essa voz é a Luz do Supremo.Vida é proteção, Vida é perfeição, Vida é satisfação, quando nos abrimos para a Luz do Supremo.
Deus está na Vida.
Mas a Vida precisa despertar para a Luz de Sua Presença, Seus Pés Transcendentais.Cada dia é a renovação da Vida.
Cada dia é o renascimento da nossa certeza interior de que cada indivíduo é o instrumento escolhido do Supremo, para revelar e satisfazer o Divino infinito aqui na Terra.Uma Vida que se volta para o exterior não encontra nada além de problemas, tortura, tormento e frustração.
A Vida que flui para o interior descobre o mar de paz e bem-aventurança.Para iluminar nossa Vida nós precisamos de pensamentos puros.
Cada pensamento puro é mais precioso do que todos os diamantes do mundo, pois o Alento de Deus reside apenas nos pensamentos puros do homem.Como iniciar a jornada interior da Vida?
Com a simples ideia, com o pensamento espontâneo de que a Deus-realização é seu direito de nascença.Por onde começar?
Aqui, do interior.Quando começar?
Agora, antes do próximo segundo.A Vida está sempre trabalhando.
Ela é sempre ativa, dinâmica, e procura ajudar a alma a completar sua tarefa ainda não cumprida, a Missão divina.A alma necessita da ajuda da Vida para se revelar completamente.
A Vida precisa da ajuda da alma para sua plenitude, tanto física quanto espiritual.A preocupação renitente e o desânimo são os piores inimigos, destruidores da Vida em toda sua inspiração divina.
Na ausência da preocupação não haverá desânimo.Sua Vida se tornará a beleza de uma rosa, a canção do despertar, a dança do crepúsculo.
O nascimento e a morte brincam.
Eles brincam juntos.A sua brincadeira é o jogo da harmonia.
E brincam sempre no seio infinito da Vida.O segundo tipo de pessoa teria sido boa, doce e extremamente prestativa aos membros de sua família e ao perceber que está prestes a morrer, sente que deveria existir um laço de afeição e apego que durasse para sempre. Esse tipo de pessoa não quer deixar o palco-Terra. Para ela apenas o apego pode manter a conexão entre este mundo e o outro; sendo assim, tenta atrair a máxima afeição, simpatia e cuidado dos seus entes queridos. Quando vê que seus entes queridos não demonstram simpatia nem tristeza alguma pela sua partida, ou que não estão chorando amargamente, uma tremenda angústia abala a sua existência interior. Ela sente: “Estou aqui tentando estabelecer algo permanente, mas não recebo ajuda ou cooperação alguma dos membros da minha família.” Mas nem o assim chamado amor humano, nem o apego humano, são capazes de criar um eterno laço divino entre a alma que parte e as almas que estão no mundo dos vivos. O amor que mantém presos os seres humanos não pode jamais perdurar; ele é como uma corda de areia. Apenas o amor divino é capaz de transcender todas as barreiras.
Por fim chegamos às almas grandiosas, e isso quer dizer os Mestres espirituais. Quando um Mestre deixa o corpo e vê que seus discípulos estão chorando amargamente pelo seu falecimento, ele sente pesar, porque os discípulos não o re-conhecem completamente como um Mestre espiritual. Uma pessoa espiritual, alguém que tenha realizado Deus, vive em todos os planos; a sua consciência permeia todos os mundos. Dessa forma, se os discípulos choram amargamente pela sua morte, sentindo que não mais o verão, então estarão colocando o seu Mestre na mesma categoria de uma pessoa comum. Isso é como um insulto. O Mestre sabe que aparecerá ante os discípulos que estão orando sinceramente a ele ou que meditam e aspiram sinceramente. Sabe que todo o tempo estará guiando, moldando e modelando os seus discípulos. Sabe que será capaz de entrar em seus discípulos e que eles serão capazes de entrar nele. Naturalmente então, Ele se sentirá triste se os discípulos tomarem a postura de: “Agora o Mestre se foi e nunca mais o ouviremos. Nossas orações para ele serão em vão, e portanto é inútil orar. Vamos buscar outro Mestre ou tentar encontrar outro meio de fazer progresso espiritual.” Assim, os Mestres espirituais ficam pesarosos, quando os seus entes mais queridos choram ou derramam lágrimas amargas por eles, ao passo que uma pessoa comum ficaria feliz com isso.
Sim, por um certo tempo os discípulos podem se sentir tristes por terem perdido o seu Mestre, pois não mais o verão em seu corpo físico. Mas essa tristeza não deve durar, porque a alegria, o intenso amor e o todo-penetrante interesse da alma deve alcançar os discípulos que sinceramente aceitaram o Mestre como o único piloto de suas vidas.Gostaria de lhes contar sobre minha própria mãe, que era uma pessoa muito, muito espiritual. Quando estava deixando o corpo, um familiar bastante próximo a mim viu em um sonho que as amigas da minha mãe vinham em uma carruagem dourada para recebê-la. Quando o meu pai morreu, um dos meus tios, que estava fora da cidade, viu outro tio meu e algumas outras pessoas vindo para levar meu pai em um barco dourado. Havia muitas pessoas para receber os meus pais porque eles e muitos de seus amigos e familiares eram pessoas bastante espirituais.
No caso da maioria das pessoas religiosas e espirituais, os familiares vêm. Vir é mais fácil para as pessoas espirituais, pois elas têm um acesso quase que livre a este mundo. Quando pessoas comuns que não aspiram e não são espirituais deixam o corpo, elas não vão imediatamente até Deus, elas ficam no mundo vital e sofrem bastante. Quando o pai de uma das discípulas morreu, ele foi para o mundo vital, onde não foi bem tratado. Estava tendo vários problemas lá, até que um dos seres vitais perguntou a ele se conheceu pessoas religiosas ou espirituais durante a vida. Ele disse: “Sim, eu conheço o amigo da minha filha,” – que por sinal sou eu. Quando o meu nome foi pronunciado, os seres vitais imediatamente souberam com quem ele estava conectado, e ele foi liberto imediatamente. Assim, ele foi capaz de deixar o mundo vital, o mundo da tortura, e ir para um mundo bem melhor e mais elevado.
Quando o pai de outra discípula morreu, ele foi para um lugar muito elevado, mas não estava satisfeito lá. O pai tinha me visto apenas uma vez, no Canadá, mas quando me viu, o seu corpo todo estremeceu da cabeça aos pés com alegria indescritível. Então, quando ele deixou o corpo e não ficou satisfeito com o plano em que estava, a sua alma veio até mim e disse: “Eu desejo ir para um mundo mais elevado.” Então chamei um de meus amigos, Jyotish, para que levasse o pai até o plano onde vivia. E ele está extremamente feliz lá, nesse mundo bastante elevado. Às vezes ele vem até mim e expressa a sua mais profunda alegria. Quando ele tiver sua-próxima encarnação, eu saberei. Provavelmente encarnará em uma família italiana, mas depende absolutamente da Vontade do Supremo. E é claro que haverá uma pequena interferência minha se ele quiser ir para algum lugar que eu não aprove. Às vezes as almas cometem enganos quando decidem sobre a sua próxima encarnação. Se as almas são muito próximas do meu coração, eu não permito que o façam. Enquanto falo com você, acredite, eu sinto uma vibração interna do pai dela, dizendo que ele deseja retornar na família de um de nossos discípulos. Agora, pela primeira vez, ele percebe uma conexão interior. Antes disso, ele queria retornar em uma família italiana, mas agora como eu disse, do mundo interior ele está me enviando a mensagem de que deseja retornar na família de um de nossos discípulos. Nada nos dará maior alegria do que tê-lo conosco. E vamos esperar para ver o que o outro pai fará após um pequeno descanso.A alma tem vários tipos de experiências sutis nesses outros envoltórios, mas essas experiências não se manifestarão em tais mundos. Se a alma tiver alguma experiência aqui na Terra, essa experiência estará prestes a se manifestar seja hoje ou amanhã. A alma pode aspirar em qualquer mundo. Já no mundo das almas não há manifestação. O progresso existe, mas não no sentido de evolução.
Adentramos o mundo das almas para descansar. Mas se a nossa alma toma a companhia de uma alma mais elevada, uma alma mais iluminada, então naturalmente ficaremos inspirados. Se no mundo das almas, ficarmos próximos de um Mestre espiritual ou de uma outra pessoa espiritualmente relevante, naturalmente seremos influenciados. A alma pode aspirar em qualquer mundo. Nos mundos mais elevados ela terá apenas aspiração, e essa aspiração irá por fim tomar forma de experiência. A própria aspiração em si, é uma experiência. No entanto, quando a alma está na Terra e passa pelo sofrimento, alegria ou atividades do mundo, as experiências que ela obtém aqui a conduzem, constantemente, à mais plena manifestação da divindade.O nosso ente mais querido é Deus. Você pensa que Ele permitirá que fiquemos insatisfeitos? Não. O exato propósito de Deus é satisfazer verdadeiramente a cada indivíduo e a Ele mesmo em nós. Ele nos fará retornar mais e mais vezes para a satisfação dos nossos desejos. Alguém pode estar ávido para se tornar um multimilionário nesta encarnação, mas não consegue se tornar um multimilionário ao final de sua jornada. Caso seu desejo seja realmente intenso, ele terá de voltar até que se torne um milionário. Contudo, tornando-se um milionário, verá que ainda é um mendigo de uma certa maneira, pois não terá paz de espírito. No entanto, se ele entrar para o mundo da aspiração, talvez não venha a ter dinheiro, mas terá paz de espírito e esta é a verdadeira riqueza.
Vivendo no mundo dos desejos, vemos que esses desejos realizam uma procissão infinita. No entanto, se estivermos no mundo da aspiração, veremos o todo, entraremos no todo e finalmente nos tornaremos o todo. Sabemos que, se puder-mos realizar Deus, dentro de Deus encontraremos tudo, pois tudo habita Nele. Em algum ponto no futuro, deixaremos o mundo dos desejos e entraremos no mundo da aspiração, onde reduziremos os nossos desejos e pensaremos mais em paz, bem-aventurança e amor divino. A obtenção de um pouco de paz ou de uma única gota de néctar pode levar anos e anos. Mas uma pessoa espiritual estará pronta para esperar indefinidamente pela Hora de Deus a fim de satisfazer a sua aspiração. E sua aspiração por encontrar essa paz, luz e bem-aventurança não terá sido em vão.
Se a nossa meta for adentrar o Altíssimo, o Infinito, o Eterno, o Imortal, então é natural que o curto período de uma vida não baste. Mas Deus não permitirá que fiquemos insatisfeitos. Em nossa próxima encarnação continuaremos nossa jornada. Somos eternos viajantes. Temos de seguir e seguir, até alcançarmos a nossa Meta. A perfeição é o objetivo de cada indivíduo. Estamos tentando nos tornar perfeitos em um mundo imperfeito. E essa perfeita perfeição nunca alcançaremos em apenas uma vida.
É através de aspiração e evolução que a alma desenvolve a plena capacidade de realizar o Altíssimo e satisfazer o Divino. Antes de mais nada, o físico, o humano em nós, deve aspirar por se tornar um com o Divino em nós: a alma. Nesse exato momento o corpo não ouve aos ditames da alma – isso quer dizer, a mente física se revolta. Os feitos da mente física encobrem o propósito divino da alma, e esta não consegue vir à tona. No presente estágio de evolução, a maior parte das pessoas está inconsciente e não sabe o que a alma quer ou necessita. Elas têm desejos, ansiedade pelo sucesso, intensidade, excitação. Todas essas coisas se enraizam no vital ou no ego, ao passo que qualquer coisa feita com a consciência da alma é sempre pura alegria. Algumas vezes podemos ouvir aos ditames da alma, ou à mensagem da nossa consciência, mas ainda assim, não fazemos ou dizemos a coisa certa. A mente física é fraca. Nós somos fracos. Entretanto, se começarmos a aspirar com a mente e então formos além da mente até alcançar a alma, poderemos facilmente ouvir e também obedecer aos ditames da alma.
Chegará o dia em que a alma estará em posição de exercer as suas qualidades divinas e fazer com que corpo, mente e coração sintam a necessidade de suas auto-descobertas. O físico e o vital desejarão conscientemente escutar a alma e ser instruídos e orientados por ela. Nesse dia então, aqui no plano físico, teremos uma natureza imortalizada, uma vida imortal, pois a nossa alma terá se tornado total e inseparavelmente uma com o Divino na Terra. Nesse momento ofereceremos a nossa riqueza interior ao mundo todo e manifestaremos o potencial de nossas almas.
A realização, frequentemente, pode ocorrer em uma encarnação, mas para a manifestação, a alma deve retornar por vezes e mais vezes à Terra. A não ser e até que revelemos e manifestemos a mais elevada Divindade dentro de nós, nosso jogo não estará acabado. Não terminamos o nosso papel na Peça Cósmica, portanto devemos retornar ao mundo novamente. Mas, na marcha da evolução, em uma de suas encarnações, a alma realizará e manifestará completamente o Divino no físico e através do físico.Sri Chinmoy: Se alguém me pedisse para convencê-lo de que teve vidas anteriores, mesmo que essa pessoa não acreditasse em reencarnação, eu seria capaz de provar a ela. Pediria àquele indivíduo, que meditasse comigo por alguns minutos, mergulharia em seu interior e traria à tona a sua encarnação passada. Traria a imagem de uma ou duas de suas atividades prévias à tona, de forma que a encarnação passada se tornasse algo vívido. Eu fiz isso algumas vezes em Nova Iorque; contudo, às vezes não é bom para a pessoa saber das suas encarnações passadas; nesse caso eu não conto a ela.
Um dia, um de meus discípulos mais devotados perguntou-me sobre a sua encarnação passada. Eu lhe disse que em sua encarnação passada ele foi um barqueiro no Japão. Disse também que ele poderia buscar em seu interior para ver. Eu não havia nem mesmo completado a frase quando ele se viu como um barqueiro. Mas para aqueles que são arrogantes, para aqueles que não acreditarão, e existem pessoas que não acreditam quando se fala sobre reencarnação, devemos saber se vale à pena convencê-los sobre o passado. Se estiverem satisfeitos com a sua própria noção de que não há reencarnação, deixe que fiquem satisfeitos. Afinal, quem é que está perdendo?
Um jovem rapaz, que não era meu discípulo, uma vez me perguntou sobre a sua encarnação passada. Eu disse a ele que na encarnação passada ele viveu na Alemanha e havia morrido em um acidente de avião. Imediatamente ele me disse que desde os três anos de idade ele era um grande admirador de Hitler. Ele podia ler livros e poesia Alemã desde os três anos de idade. Mas tal conhecimento não o ajudou espiritualmente, de forma alguma. Ele estava simplesmente curioso e eu alimentei a sua curiosidade e não a sua espiritualidade. Por-tanto, na maioria dos casos, eu não conto sobre as encarnações passadas de uma pessoa.Nirvana é o caminho da negação. Aqueles que seguem o caminho do Nirvana desejam permanecer na derradeira Bem-Aventurança, ou você pode chamar de extinção. Mas não deveríamos usar o termo “extinção” – é a derradeira Bem-Aventurança. Essas pessoas não querem reencarnar. Quando entram em Nirvana, a jornada acaba para elas. A alma sente que não caminhará ou correrá mais. Ela não quer se envolver com atividades terrenas. Ninguém, exceto o Supremo, pode compelir a alma a reencarnar. Mas apesar do Supremo ter poder para obrigá-la, Ele não o faz. O Supremo não obriga ninguém a fazer nada.
Entretanto, existem almas que querem tomar parte consciente na Lila de Deus ou Peça divina. Sabem que a reencarnação é absolutamente necessária para aqueles que querem servir a Deus aqui na Terra. Realiza-se Deus na Terra – em nenhum outro planeta ou plano pode haver realização. Então, após a realização, algumas almas fazem a promessa de que retornarão, como fizeram Swami Vivekananda e Sri Ramakrishna ao dizer que, mesmo se uma única pessoa não realizada permanecesse na Terra, eles estariam prontos para retornar. No meu caso também, irei ir e vir, caso eu possa ser de alguma serventia para o Supremo na humanidade.Tagore, o nosso poeta maior, costumava escrever seis ou oito poemas diariamente. Certa vez ele pensou que, caso pudesse retirar-se para um lugar solitário, ele poderia escrever uma poesia de melhor qualidade. Ele então deixou a sua casa e confinou-se em um lugar solitário nas montanhas. No entanto, lá ele não foi capaz de escrever um único poema. Ele descobriu que o mais importante não é o ambiente, mas sim a inspiração interior.
Deus escolheu as condições sob as quais você tem a sua presente vida. É como uma peça. O palco está pronto, e as cortinas se levantaram para que você cumpra o seu papel e avance no caminho espiritual. As suas atuais condições são as melhores possíveis para o seu desenvolvimento. Nesse momento agora, você quer deixar o seu corpo e entrar num novo corpo, em uma nova encarnação, de forma que possa estar em um ambiente onde você pensa que se adequará melhor. Entretanto esse tipo de vida seria pior do que a atual, porque foi escolhida pela sua mente, ao passo que a sua vida atual foi escolhida por Deus.
Se as ações passadas desta encarnação estiverem lhe incomodando, eu gostaria de lhe dizer que a minha filosofia é “O passado é poeira.” O que porventura você tenha feito há anos atrás, ou mesmo ontem, não deveria preocupá-lo. O passado não é importante. O que você fizer de agora em diante é o que pode adiantar para o seu progresso. Agora você tem um Mestre espiritual em um corpo físico para ajudá-lo e é o presente, e o futuro fluindo para o presente, que poderão lhe conceder a libertação.Muitas vezes fazemos coisas erradas, e recebemos os resulta-dos mais cedo ou mais tarde. Apesar disso, existem vezes em que sofremos por causa das forças cósmicas. Pais sinceros e muito devotados podem ter filhos que são absolutamente não-espirituais, não-divinos e que não valem nada. Você poderia dizer que talvez os pais também não fossem nada espirituais e que fizeram muitas coisas erradas na encarnação passada. Em alguns casos os pais foram pessoas ruins em suas vidas passadas, mas isso pode não ser verdade em outros casos. Buscadores sinceros podem ser afetados por forças hostis e animalescas que estejam operando no mundo. Quando essas forças não-divinas, hostis, que estão pairando ao redor, comportam-se como elefantes enlouquecidos ou entram em alguém, a pessoa sofre. É assim: à nossa volta existem animais lutando, brigando e destruindo uns aos outros. Um elefante enlouquecido, não importando quão bom e sincero você seja, simplesmente o esmagará. Você nunca sabe quando esses animais estão vagando por perto. Quando um buscador sincero sofre, não podemos chegar de imediato à conclusão de que em sua encarnação passada ele fez algo de errado.
Se nós levarmos uma vida espiritual o tempo todo, permaneceremos num campo de Poder divino, que é como uma forta-leza. Estaremos dentro de um forte, o qual é protegido por Deus. Quando forças ruins, forças não-divinas, tentarem nos atacar, a Graça divina irá ficar no caminho delas. Pessoas espirituais buscam a todo tempo estar conscientes da Compaixão de Deus, da Bênção de Deus e da Luz de Deus, pois sabem que, mesmo se não fizerem nada de errado, elas podem ser atacadas por forças não-divinas. E quando fazem coisas erradas, sabem de imediato que existe alguém capaz de perdoá-las, que pode protegê-las, que pode elevar as suas consciências. Esse alguém é o seu Piloto Interior, ou Deus.No caso de pessoas comuns, que não aspiram, a distribuição do karma é inevitável, inexorável. A lei do karma está sempre amarrando; tal como uma serpente, ela se enrola em volta das pessoas e elas devem pagar o preço, a taxa, pois a lei do karma é impiedosa. Entretanto, existe algo chamado Graça divina. Digamos que eu era ignorante e fiz algumas coisas erradas. Caso derrame lágrimas amargas e clame por perdão, a Compaixão de Deus irá despertar naturalmente dentro de mim. Quando uma pessoa entra para a vida espiritual, o seu karma pode ser facilmente anulado, se essa for a Vontade de Deus, operando através de um Mestre espiritual. Lentamente, a Graça infinita de Deus pode anular os resultados de seu karma ruim e adiantar o resultado de seu karma bom. Se um buscador não apenas desejar, mas sinceramente praticar a vida espiritual todos os dias, ele poderá então ficar acima da lei do karma, pois Deus irá derramar a Sua Graça ilimitada na cabeça e coração devotados do aspirante. Obviamente não poderei sair por aí fazendo alguma coisa não-divina e pensar que Deus sempre me perdoará; não. Mas se Deus vir um clamor pleno de alma crescendo a partir do meu interior, se Ele vir que sou sincero e aspirante e que desejo ficar livre das amarras da ignorância, Ele não apenas me perdoará como também me dará a força necessária para não cometer o mesmo erro novamente.
Quando retornarmos na próxima encarnação, naturalmente teremos de iniciar a nossa jornada de acordo com os resulta-dos do karma passado. Se fizemos muitas coisas erradas, não podemos esperar realizar a Verdade altíssima em nossa próxima encarnação. Todavia, se a Graça de Deus estiver presente, poderemos facilmente anular as coisas erradas que já tivermos feito durante esta vida.Como um Mestre espiritual pode auxiliar os seus discípulos, se eles não forem até outro Guru? Ele pode fazê-lo através da sua vontade consciente, a vontade da sua alma. Estou aqui na Terra e, apesar de não estar na Inglaterra ou em Porto Rico, através da minha vontade consciente, após as duas horas da manhã eu me concentro em todos os meus discípulos lá. Concentrar-me por um segundo apenas seria suficiente, mas eu levo mais tempo do que isso, no intuito de saber o que a alma está fazendo, quanto ela progrediu. Portanto, mesmo estando no físico, o que é uma verdadeira limitação, um Mestre espiritual pode ajudar os seus discípulos em diferentes partes do mundo. Quando deixa o corpo, ele fica completamente livre. Do outro lado, o Mestre espiritual age através da luz ou do poder-vontade da alma. A luz da alma pode ser oferecida a partir de qualquer plano de consciência, desde o plano mais elevado até o plano da Terra. Assim, dos planos elevados o Mestre pode facilmente se conectar com a alma aspirante do discípulo e o discípulo pode responder à Luz do Mestre. É dessa maneira que o Mestre pode e de fato ajuda o discípulo.
Quando um Mestre aceita alguém como um verdadeiro discípulo, um discípulo de fato, ele faz uma promessa a Deus, o Supremo, e à alma do buscador, de que ele será eternamente responsável por aquela alma. Mas existem muitos, muitos, que chegarão ao nosso caminho – centenas de milhares. Eles poderão permanecer conosco por dez, vinte, trinta ou mesmo quarenta anos, mas sem nunca nos aceitar verdadeiramente. Quando um Mestre deixa o corpo, ele não é responsável por esses assim chamados discípulos. O Mestre simplesmente os deixa entregues aos seus próprios destinos.
Algumas pessoas podem dizer: “Como é que tendo vindo até ao Centro, você não tenha nos aceitado como verdadeiros discípulos?” A simples razão é que eles não me aceitaram de todo o coração. Apenas alguém que realmente aceitou o nosso caminho pode ser considerado um verdadeiro discípulo. A aceitação deve ser mútua, ninguém pode forçá-la. Os pais humanos forçam, mas um Mestre espiritual não pode fazê-lo.
Externamente, posso não ter contado a todos os meus verdadeiros discípulos, mas interiormente eu o fiz e eles podem ficar tranquilos, sabendo que quando eu deixar o corpo, eles não ficarão perdidos. Eles nunca ficarão perdidos, seja nesta encarnação ou em futuras encarnações. Os verdadeiros discípulos – aqueles que me aceitaram como seu e a quem eu tomei como meus – serão verdadeiramente satisfeitos e obterão realização nesta encarnação, na próxima ou em algumas poucas encarnações. Alguns discípulos poderão precisar de vinte ou mais encarnações, devido ao seu precário início. Certos discípulos que vieram até mim em sua primeira ou segunda encarnação humana, poderão levar centenas de encarnações. A primeira ou segunda encarnações humanas são encarnações em que se é metade animal. Se o animal ainda está presente como fator predominante, como pode então ser alcançada a Realização de Deus? Mesmo no Centro de Nova Iorque há muitos discípulos que tiveram apenas seis ou sete encarnações humanas.
Quando grandes Mestres vêm à Terra, eles aceleram muito o progresso de seus discípulos. Porém, o que poderão fazer, se os próprios discípulos fizerem tão pouco progresso preparatório? Ainda assim, os Mestres lutam com bravura, desafiando a ignorância, com a postura: “Vejamos o quão longe conseguiremos ir.” Mas existem alguns discípulos que estiveram na Terra por apenas algumas encarnações e correm o mais rapidamente devido à sua aspiração, humildade e disposição para correr. Eles não se utilizam de suas antigas qualidades obscuras, e as suas mentes não estão cobertas por milhões de pensamentos e ideias. Eles já começaram marchando, desde o início de suas vidas espirituais. Podem nascer em uma família espiritual, ou, se forem suficientemente afortunados, algo os chamará vindo de dentro de si, para que se dirijam à Luz. Existe algo chamado bem-aventurança divina. Algumas pessoas são afortunadas e se utilizarem isso adequadamente, então tudo será possível em uma só encarnação. De outra forma, serão necessárias centenas de anos.Eu disse: “Olhe só, usarei o meu telefone. Levarei a mensagem para a sua mãe. Depois, receberei uma mensagem dela, e essa mensagem chegará diretamente a você como resposta. Farei por você uma pergunta à sua mãe, mas é você quem receberá a resposta.” Então fiz três perguntas. As respostas vieram e ele as recebeu, ficando extremamente comovido. Primeiro enviei a alma dele e depois enviei a minha para a sua mãe. Elas então conversaram e de lá ele recebeu as mensagens.
Quando Jyotish tinha vinte e cinco anos de idade, cinco moças se apaixonaram por ele, mas ele nunca se casou com nenhuma delas.
Devido ao karma do passado delas, todas morreram juntas em um naufrágio. Ele estava na Birmânia na época do acidente. As cinco moças estavam também no mundo das almas, juntamente com a mãe dele.
Quando eu disse que traria uma mensagem das namoradas dele também, ele perguntou: “Como você saberá quem são se eu não lhe disser seus nomes?” Eu lhe disse: “Através de sua alma eu trarei os nomes delas a você. Em silêncio você deve repetir os nomes das moças. Farei uma pergunta para cada uma e você receberá a resposta.” Ele era muito esperto e achando que conseguiria me enganar, pensou primeiro em três nomes verdadeiros e depois em mais dois nomes completamente falsos. Eu estava prestes a dizer os nomes falsos, quando a alma dele se colocou diante de mim e me contou a verdade. A alma dele me protegeu. Eu disse: “Você estava tentando me enganar com esses dois últimos nomes!”, o que fez com que ele caísse aos meus pés imediatamente.
Logo começou a fofoca no Ashram. Como o nível de lá caiu naquele dia! No dia seguinte, Jyotish contou a um amigo íntimo sobre a experiência e perguntou: “Você acredita?” O amigo disse: “Talvez você estivesse embriagado. Ele próprio está sempre embriagado. Apenas um bêbado conseguiria fazer esse tipo de coisa! Que vantagem haveria em saber sobre as suas amigas?” Interiormente esse amigo acreditou, mas exteriormente fingiu que não acreditava.
Quando um discípulo meu faleceu, eu disse aos seus peque-nos sobrinhos que nós podíamos falar com o tio deles no mundo das almas, como em um telefone. Até pensei em fazer isso por eles, mas o meu ser interior me avisou que eles fica-riam muito assustados, que isso criaria problemas; então acabei não fazendo aquilo.Algumas almas reencarnam quase imediatamente, sem mesmo passar pela região das almas. Suponha que alguém morra prematuramente em um acidente. Então a alma pode ir apenas até o envoltório vital e, de lá, caso uma personalidade espiritual ou a Graça divina interfira, em sete ou oito meses ela encarnará em uma nova família.
A maior parte das almas comuns retorna após permanecer no mundo da alma por seis, sete, ou, no máximo, vinte anos. O tempo passado no mundo da alma é utilizado pela alma para assimilar as experiências que teve na Terra. Pessoas grandiosas, como grandes cientistas ou personalidades espirituais, não renascem tão prontamente quanto as pessoas comuns. Muito raramente uma grande personalidade em qualquer campo será vista reencarnando em pouco tempo. Algumas permanecem no mundo da alma por setenta anos ou mais. Em certos casos, Mestres espirituais esperam cem ou duzentos anos antes de reencarnar. Mas não existe uma regra certa. Caso o Supremo queira que eles retornem à Terra, eles deverão fazê-lo, mesmo que não desejem. É a decisão da alma mais a aprovação do Supremo que determinam quanto tempo uma pessoa leva para reencarnar.Agora, imagine que tomamos conhecimento de que fomos um cervo em nossa última encarnação animal. A única vanta-gem é que podemos pensar em nossa velocidade e dizer: “Eu corria tão rápido na encarnação animal. E naquela época eu não tinha a alma avançada que tenho agora. Nesta encarnação, eu correrei ainda mais rápido!” Tão logo a lembrança de que corríamos rapidamente em uma encarnação passada nos vem, sentimos inspiração para correr velozmente nesta encarnação. Se conhecermos a nossa encarnação passada, poderemos utilizá-la positivamente e nessa hora a inspiração virá rapidamente à tona. Se alguém souber que foi um buscador, obterá certa alegria e confiança. “Eu comecei a minha jornada em uma encarnação passada, porém foi uma estrada muito longa e árdua. Nesta encarnação eu ainda trilho o mesmo caminho, mas desta vez já não tenho mais toda aquela distância a percorrer. Também será um pouco mais fácil, porque eu tenho uma pequena ajuda. Tenho a capacidade. Tenho disposição. Tenho a experiência. Com um Mestre espiritual me guiando, alcançarei facilmente a minha meta.”
Todavia, apenas em ocasiões muito raras fazemos bom uso do conhecimento das nossas encarnações passadas. Na maior parte dos casos, estar ciente delas não é nada encorajador. Se soubermos que na encarnação passada fomos ladrões ou algo não-divino, isso nos traria alguma inspiração ou aspiração? Não! Imediatamente pensaríamos: “Oh, eu era um ladrão, e nesta encarnação estou tentando me tornar um santo. Isso é impossível! É inútil eu tentar me tornar uma pessoa espiritual nesta vida.” Mesmo quando fazemos algo de errado nesta encarnação, precisamos de um longo tempo para esquecer daquele desespero; nós argumentamos: “Eu era tão mau. Eu fiz isso. Eu fiz aquilo. Como poderei agora me tornar puro? Como serei capaz de realizar Deus?” Ainda que tivéssemos feito algo errado, digamos, há quatro anos atrás, aquilo poderia ter a capacidade de nos atormentar.
Por outro lado, imagine se soubéssemos que em nossa encarnação passada fomos pessoas importantes, sendo que nesta encarnação não somos ninguém. Nos sentiríamos desolados, culpando a Deus e a nós mesmos, dizendo: “Se fui tão im-portante, como é que nesta encarnação eu sou tão imprestável? Que coisa terrível eu fiz para merecer este destino? Deus é tão severo; Ele não se importa comigo.” Mas, na realidade, nós não O compreendemos. Deus quer obter nesta encarnação, através de nós, uma experiência diferente e acabamos pensando que Ele está apenas sendo cruel.
Um aspirante busca alegria interior, a alegria que verdadeiramente satisfaça a si mesmo e a Deus também. Isso ele nunca obterá de suas encarnações passadas. Se ao mergulhar em uma de suas encarnações passadas, vir que era o presidente dos Estados Unidos, ainda assim não terá satisfação. Verá que como presidente, a sua vida também era cheia de desolação, frustração e todos os tipos de sofrimento. Pela verdadeira alegria, um aspirante deve seguir em frente na vida espiritual, com a sua própria aspiração e clamor interior, com a sua própria concentração e meditação.
O melhor é simplesmente não pensar no passado. A nossa meta não está atrás de nós, mas sim à nossa frente. A nossa direção é adiante, e não para trás. Para uma pessoa espiritual eu sempre digo: “O passado é poeira.” Digo isso pois o passado não nos deu aquilo que almejamos. Ansiamos pela Realização de Deus. Conhecer as nossas encarnações anteriores não nos ajudará em nossa Realização de Deus. Esta depende inteiramente do nosso clamor interno. O importante não é o passado, mas sim o presente. Devemos dizer: “Eu não tenho passado. Estou começando aqui e agora, com a Graça de Deus e a minha própria aspiração. Nesse momento começarei a correr. O quão longe eu fui no passado é irrelevante. Pensarei apenas no quanto eu vou correr nesta vida.”
Agora mesmo vemos o passado como algo completamente diferente do presente, e o presente como algo completamente diferente do futuro. Mas uma vez que realizarmos Deus, o passado, o presente e o futuro tornar-se-ão um, formando um círculo, o qual é o nosso próprio ser interior, a nossa vida. Nesse momento, poderemos facilmente ver as nossas encarnações anteriores e saber o que fomos.
Se quiser saber sobre as suas encarnações passadas, Deus por certo irá lhe dar essa capacidade. Mas a coisa mais importante não são as encarnações passadas ou futuras, mas sim o que você quer aqui e agora. Você quer Deus, e se meditar com toda alma, Ele ficará obrigado a lhe conceder essa dádiva. Você irá possuí-lo e Ele irá lhe reivindicar como Seu.
Desejo dizer mais uma coisa aos meus discípulos; permitam que eu agora me vanglorie um pouco, e que eles também possam se gabar um pouquinho: vocês levaram vidas espirituais nas encarnações passadas. Se não tivessem algum preparo, acham que Deus os teria trazido até mim? Não, ele os teria levado para algum outro Mestre que fosse uma polegada inferior a mim. Mestres espirituais do meu calibre recebem discípulos que tentaram ou realizaram algo no passado. Alguns fizeram mais, outros menos. Mas todos fizeram algo, senão teriam ido a outro Mestre espiritual e não a mim. Deus é bondoso tanto comigo quanto com vocês. Ele não enviará alunos de jardim de infância para o professor de ensino médio. Guardará os alunos de jardim de infância para os professores que não podem ministrar aulas mais avançadas. Em raras ocasiões, um ou dois discípulos vêm até mim após algumas poucas encarnações humanas, mas essas poucas almas têm um desejo intenso de transcender a sua presente consciência.Se uma pessoa acabou de entrar na vida humana, se esta for sua primeira ou segunda encarnação como um ser humano, se sua propensão para a vida animal for ainda muito forte, ou seja, se seus desejos impuros não foram satisfeitos nas suas encarnações passadas, durante o reino animal em si, então esse ser humano precisa voltar à vida animal. O que acontece é que chega a hora em que parte da sua vida animal se torna completamente desperta e quer entrar na vida humana. No entanto há uma parte dela que não se encontra completamente preparada para a vida humana. Ainda assim, a alma vem para a existência humana, apesar de estar imperfeita, apesar de não estar totalmente preparada para isso. Mais tarde então ela é compelida a retornar à vida animal, pois sua parte não-iluminada não foi ainda transformada e tem tendências animais e desejos muito poderosos.
Outra razão ocorre quando o vital inferior — o insatisfeito, insaciável vital — de um ser humano comum está causando a ele um sofrimento insuportável e doloroso. Se ele sentir que no reino animal há uma oportunidade maior para desfrutar do vital mais vulgar, do prazer físico grosseiro, essa alma em particular então, entrará no reino animal por alguns meses de modo que possa gozar dos prazeres mais vulgares com toda liberdade. Não será por um ano ou dois, mas somente por um período bem curto. Quando o prazer se esgotar, quando a experiência necessária terminar, a alma retornará para a mundo humano de vez.
O homem transcendeu o animal, porém não inteiramente. Dentro de nós existe um animal. Através da nossa oração e meditação conscientes, estamos tentando transcender completamente o animal. Dentre aqueles que estão aqui reuni-dos, ninguém irá se tornar um animal em suas vidas posteriores, pois nós estamos muito mais desenvolvidos. Quando começamos a ter aspiração, a alma já se encontra muito desenvolvida para que possa retornar ao reino animal. Nem uma simples alma presente aqui nesta noite terá alguma outra encarnação animal.From:Sri Chinmoy,Morte e Reencarnação: A Jornada da Eternidade, Agni Press, 1973
Fonte: https://pt.srichinmoylibrary.com/dr